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Fábulas

Fábulas

Despedida :(

Não comecem já a esfregar as mãos de contentes que esta despedida não é para sempre...
É só por alguns dias.
Isto, claro, se eu sobreviver ao que vem por aí!

Que é apenas corrigir 60 (sessenta) Provas de Aferição de Língua Portuguesa e fazer a respectiva cotação baseada num monte de critérios...
Para terem uma ideia, só a composição tem 8 critérios diferentes (8 alíneas, portanto) em que deve ser cotada...
E tudo tem de estar pronto até dia 6 de Junho.
O que dá mais de oito provas por dia, se consideramos que só temos 7 dias úteis para apresentar o trabalho feito.

Entretanto, as aulas continuam normalmente...

Devem ter-se esquecido que há vida para lá da escola, que há filhos para tratar, que há almoços e jantares para preparar, roupa para engomar, casa para arrumar... enfim, essas futilidades!

Quando alguém perguntou se este trabalho extra era pago, recebeu como resposta um sorriso irónico.

Quem disse que a escravatura já tinha acabado???

A subsídio-dependência

faz-me imensa impressão.
O apoio do Estado (ou seja de todos nós), devia ser utilizado para acudir às pessoas numa altura de crise, e apenas isso.
Mas o que nós vemos todos os dias são pessoas que "vivem" dessa mama ajuda e nada fazem para deixar de necessitar dela!

Creio que foi no domingo que passou na SIC a história de um casal que vive assim, de subsídios, há vários anos.
Nem um nem outro trabalham.
Ele diz que só conseguiria arranjar trabalho nas obras, mas que não pode fazê-lo porque sofre de "fraqueza e anemia".
Ela é seropositiva.
Os 5 (!!) filhos do casal estão em famílias de acolhimento ou instituições (não sei bem).
O que é certo é que também eles, embora completamente inocentes, vivem à nossa custa.

No entanto...
... eles tinham os dedos completamente amarelos de tanto fumo!
... as pessoas que os conhecem dizem que às vezes tentam ajudá-los, mas que é preciso cuidado pois eles tornam-se agressivos quando estão sob influência do álcool. (o que é frequente)

Portanto, apesar de viverem na mais completa miséria, conseguem sustentar dois vícios bem caros.

Não há algo de errado nisto??

prioridades... (foto da net)

Arrogâncias

Se nos mostramos mais ou menos humildes com os nossos feitos é porque nos falta auto-estima, falta-nos alegria, somos pessimistas, somos do país do triste fado, and so on...
Se, pelo contrário, proclamamos aos quatro ventos que somos bons nalguma coisa que fazemos... somos arrogantes!

Lembrei-me desta história da arrogância por causa de dois senhores que apareceram ontem na televisão: o José Mourinho e outro de que não sei o nome.
Em relação ao primeiro, está tudo dito: o homem é bom naquilo que faz e assume-se como bom.
Não diz o costumeiro "sou bonzinho", ou "vou andando" ou "vai-se levando" ou "tenho tido sorte"...
Preso por ter cão... (e isto não é piada!)

O outro senhor, não sei o nome dele.
Sei que é inglês, que é engenheiro e que foi ele quem desenhou a planta da casa onde mora o suspeito do rapto da Madeleine.
Apareceu na televisão, cheio de empáfia, a dizer que tinha telefonado à polícia para dar informações importantes sobre a casa.
E queixou-se muito, pois quando tentou avisar a polícia não havia lá ninguém que o entendesse porque ninguém falava inglês!!!!

Não seria nada de estranhar se o tal senhor engenheiro não vivesse em Portugal há 30 anos!
E orgulha-se de não falar uma palavra de português!
Além de arrogante é burro!

Pé na argola!

Ultimamente tenho feito com os meus alunos algumas provas de aferição de anos anteriores.
Servem como revisão das matérias e também servem de treino para as verdadeiras...
Ontem fizeram mais uma: Língua Portuguesa de 2005.
Achei a prova difícil e mandei-os ignorar uma pergunta pois não tinha dado aquela matéria.
No fim da prova expliquei-lhes a matéria em falta (que não dei porque não consta do programa)...

Já bem tarde da noite, quando finalmente me sentei ao computador, fui ao site das provas conferir a correcção.
Procurei a prova e... nada!
Aquela prova que eu tinha não existia em lado nenhum!
Comecei a pensar que foi desta que ensandeci de vez!
Mas não: na minha mão tinha a prova devidamente impressa (ou imprimida?) que atestava a minha sanidade mental.

Afinal que raio aconteceu?
Não demorei muito a descobrir:
Os meus alunos tinham feito a Prova de Aferição de Língua Portuguesa de 2005, mas...
... a do 2.º ciclo!

Ainda as provas...

Cheia de sono e com as cabeças de 2 dedos a doer de tanto teclar, não posso ir dormir sem deixar aqui mais uma pérola que achei agora, ao copiar as regras dos exames provas de aferição:

«Preenchimento do cabeçalho do papel de prova
As respostas são dadas no próprio enunciado, pelo que o cabeçalho só pode ser preenchido depois da abertura dos sacos com os enunciados.»


Imaginem o que aconteceria sem este importante aviso!!
Nem quero pensar! :-o

Dá que pensar!

«Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção.
A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal "Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos.
Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.
Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.

A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós.»

Pergunto eu:
será que os adultos vão a certos sítios para ver ou apenas para serem vistos?

As crianças, esses seres perigosos ...

(foto da net)
Estava Miguel Sousa Tavares na TVI a comentar a nova Lei do Tabaco quando da sua boca saltou esta pérola:

"o fumo nos restaurantes, que o Governo quer limitar, incomoda muitíssimo menos do que o barulho das crianças - e a estas não há quem lhes corte o pio."

Que bela comparação.
Afinal, o que é uma nuvenzinha de nicotina ao pé de um miúdo de goela aberta?
Vai daí, para justificar a fineza do seu raciocínio, Sousa Tavares avançou para uma confissão pessoal:

"Tive a sorte de os meus pais só me levarem a um restaurante quando tinha 13 anos."

Há umas décadas, era mais ou menos a idade em que o pai levava o menino ao prostíbulo para perder a virgindade.
O Miguel teve uma educação moderna - aos 13 anos, levaram-no pela primeira vez a comer fora.
Senti-me tocado e fiz uma revisão de vida.
É que eu sou daqueles que levam os filhos aos restaurantes.
Mais do que isso. Sou daquela classe que Miguel Sousa Tavares considerou a mais ameaçadora e aberrante: os que levam "até bebés de carrinho!"
A minha filha de três anos já infectou estabelecimentos um pouco por todo o país, e o meu filho de 14 meses babou-se por cima de duas ou três toalhas respeitáveis.
É certo que eles não pertencem à categoria CSI (Criancinhas Simplesmente Insuportáveis), já que assim de repente não me parece que tenham por hábito exibir a glote cada vez que comem fora - mas, também, quem é que acredita nas palavras de um pai?
E depois, há todo aquele vasto campo de imponderáveis: antes de os termos, estamos certos de que vão ser CEE (Crianças Exemplarmente Educadas), mas depois saltam cá para fora, começam a crescer e percebemos com tristeza que vêm munidos devontade própria, que nem sempre somos capazes de controlar.
O que fazer, então?
Mantê-los fechados em casa?
Acorrentá-los a uma perna do sofá?
É uma hipótese, mas mesmo essa é só para quem pode.
Na verdade, do alto da sua burguesia endinheirada, e sem certamente se aperceber disso, Miguel Sousa Tavares produziu o comentário mais snobe do ano.
Porque, das duas uma, ou os seus pais estiveram 13 anos sem comer fora, num admirável sacrifício pelo bem-estar do próximo, ou então tinham alguém em casa ou na família para lhes tomar conta dos filhinhos quando saíam para a patuscada.
E isso, caro Miguel, não é boa educação - é privilégio de classe.
Muita gente leva consigo a prole para um restaurante porque, para além do desejo de estar em família, pura e simplesmente não tem ninguém que cuide dos filhos enquanto palita os dentes.
Avós à mão e boas empregadas não calham a todos.
A não ser que, em nome do supremo amor às boas maneiras, se faça como os paizinhos da pequena Madeleine: deixá-la em casa a dormir com os irmãos, que é para não incomodar o jantar.

João Miguel Tavares
Jornalista

Manual de instruções


Estão prestes a chegar as provas de aferição para os alunos do 4.º ano.
Para já vamos tendo acesso às diversas instruções para quem vai supervisionar as provas e para quem as vai realizar.

Eu compreendo que as normas tenham de ser razoavelmente rígidas para haver um certo acerto nacional, mas daí a obrigarem os professores aplicadores (os que tomam conta dos meninos) à leitura tal e qual até de coisas tão simples como "podem sair" também é demais!!

"Não procure decorar as instruções ou interpretá-las, mas antes lê-las exactamente como lhe são apresentadas ao longo deste Manual."

E vão ter de ler coisas assim:

"Querem perguntar alguma coisa? Fui claro(a)?"

"Estejam à porta da sala às 11 horas e 20 minutos em ponto. Não se esqueçam. Podem sair."

Mas o que considero a maior barbaridade é o facto de os alunos, apesar de a prova estar dividida em duas partes de 45 minutos, não poderem nem na primeira parte da prova avançar para a segunda caso estejam despachados, e nem na segunda parte poderão voltar atrás, mesmo que tenham deixado perguntas por responder!

"A prova é constituída por duas partes; a primeira parte da prova termina quando encontrarem uma página a dizer PÁRA AQUI! Quando chegarem a esta página, não podem voltar a folha;
durante a segunda parte, não podem responder a perguntas a que não responderam na primeira parte.

E ainda um último recado ao professor aplicador:

"Se precisar de sair da sala, certifique-se de que as janelas estão convenientemente fechadas e feche a porta à chave."

Será que quem impõe estas regras faz alguma ideia de como se comportam crianças com 9 e 10 anos?

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