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Fábulas

Fábulas

Vidas

A T. foi minha aluna durante 2 ou 3 anos, não sei bem.
Andou pela escola primária até aos 14 anos.
(parte da história dela foi aqui contada)

Na semana passada apareceu-me na escola para mostrar... o seu bebé!!
Tem 4 meses, é um bebé enorme e vinha instalado numa espécie de cadeira, sem qualquer protecção para o sol ou para o vento!
Tinha as mãozinhas todas sujas, as unhas pretas e, pelo que a mãe me disse, já come de quase tudo!

A T. deve ter agora 16 anos e este bebé já é o segundo filho (o primeiro morreu pouco depois de ter nascido).

Não há pobreza maior que a pobreza de espírito!

Hoje, numa reunião (mais uma!), ouvi de raspão uma colega comentar - a propósito do Magalhães - que uma mãe de 3 filhos, com grandes dificuldades financeiras, e recebendo subsídio para livros, material escolar e almoços, vai querer comprar os computadores e também aderir à net (os preços rondam os 17 € mensais, com uma fidelização de 24 meses).

A referida senhora quer não uma, mas 3 ligações à internet!!

(e agora queria rematar convenientemente esta conversa, mas não me ocorre nadinha!)

As "pérolas" do Expresso

A primeira "pérola" vem do cromo do MST - aquele a quem roubaram o livro! - e reza assim:

[sobre as manifestações dos alunos, a mando dos professores, é claro!]
"é certo que tinham razão relativamente ao regime de faltas, cuja interpretação em algumas escolas conduzia ao absurdo de não distinguir faltas por doença de faltas justificadas"

Bem, já todos sabíamos que Miguel S. Tavares não sabia escrever, agora ficamos a saber que também não sabe ler!!

É que o decreto-lei reza assim (artigo 22.º, ponto 2):
"Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, (...) deve realizar,
logo que avaliados os efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas no número anterior, uma prova de recuperação(...)"


Mais adiante, no mesmo jornal, há um artigo sobre a agora famosa escola de Beiriz, a tal em que "todo o processo de avaliação decorre com normalidade" mas onde afinal está tudo parado como nas outras escolas (quem o disse foi a presidente do seu CE nos Prós de ontem!)

Passo a transcrever a pérola:

"Outro caso controverso na avaliação, mas que em Beiriz é trivial: a observação de aulas. A co-docência é frequente, diz Maria Luísa Moreira [a presidenta], sendo normal - repare-se! - normal um professor pedir a um colega que o auxilie na sala de aula."

Não sei quem foi o grunho que escreveu isto, para o poder chamar pelo nome, mas sobre isto tenho a dizer que "auxiliar" um colega na sala de aula não é o mesmo que estar a observá-lo, com um monte de papéis na mão e a fazer cruzinhas de cada vez que o observado fala, reparando em todos os pormenores da aula (e há grelhas de observação completamente pidescas, garanto-vos).

Só uma alma ignorante não distingue os dois casos!!!
Tomara eu ter "auxiliares" na minha sala todos os dias!
Infelizmente, só tenho direito a umas míseras 3 horas semanais, isto quando o meu "auxiliar" não falta, o que acontece com frequência já que ele é também o "bombeiro" de todo o agrupamento!

E é capaz de haver mais "pérolas" lá pelo jornal, só que a esta hora já está no papelão, que é o lugar dele!!

Prós e contras

Logo mais à noite vai haver "Prós e Contras" e mais uma vez sobre educação.
Eu sei que vou ver, mas ao mesmo tempo acho que não o devia fazer.
Este assunto incomoda-me tanto que até me enjoa fisicamente!

Sobre o que sentem os professores, vou transcrever algumas declarações do professor Pedro Nuno Teixeira dos Santos, (no blog Educação do meu umbigo") que em princípio e apesar de bastante sacrifício pessoal, lá vai estar.
E transcrevo porque subscrevo completamente e não era capaz de o dizer tão bem!

«Na minha escola, os professores mais inconformados com a actual situação são os mais competentes, ou seja, os que supostamente teriam algo a ganhar com esta avaliação. Precisamente porque vislumbram nela uma “hipocrisia” que nada mudará nas escolas.»
(na minha também!)

«Sim é certo, existe uma minoria de professores pouco competentes. Como em todas as profissões…Os executivos sabem bem quem são. É por isso que, no início de cada ano, não lhes atribuem determinados cargos, como o de director de turma em que se lida directamente com os pais.»
(completamente verdade: os piores professores ainda são premiados porque, normamente, não têm qualquer cargo!)

«Os professores começam a dar aulas, após um ano de estágio onde foram avaliados por orientadores científicos e pedagógicos, na própria escola e na universidade. Se o governo considera que após 3 ou 4 anos de estudo e um ano de estágio é uma simples prova que permitirá aferir quem, de entre todos esses candidatos, reúne condições para ensinar, a conclusão é fácil de tirar: o ministério da educação não confia nas universidades portuguesas!»
(se calhar até há escolas que não nerecem confiança. Então fechem-nas!!)

O ano passado tive uma inspecção na minha escola. (...)
O que os incomodou foram os papéis…Ou a falta deles.»
(tal e qual como na minha: os papéis é que são importantes!!)

Força, Pedro!
Que não te faltem as palavras!

Bolo Moreno



Ingredientes:

5 ovos;
2 chávenas e meia de açúcar amarelo;
2 chávenas e meia de farinha;
3/4 da chávena de óleo;
1 c. de sopa (bem cheia) de canela;
sumo de meio limão.

Preparação:

Bata todos os ingredientes durante cerca de 10 minutos.
Leve ao forno pré-aquecido a 180º numa forma untada e polvilhada durante 40 minutos.
E voilá, o bolo está pronto :)
Bom fim-de-semana.

Nota: receita descoberta em mal-cozinhado.blogspot.com

O pior cego é aquele que não quer ver!!

Fiquei indignada quando ouvi a ministra a dizer na entrevista que não há nenhum outro país da Europa com este (complicado) modelo de avaliação de professores porque também não há nenhum país da Europa com os nossos maus resultados académicos!!

Como se a culpa disto fosse dos professores!!
Ela não sabe em que país vive?
Comparou ela o nosso grau de literacia com o desses países?
O nosso ordenado mínimo com o desses países?
O nosso nível de pobreza com o desses países?

Esta senhora não se enxerga!

Desde que me conheço por gente que vivo em democracia.

Quando se deu o 25 de Abril eu tinha 14 anos e nada sabia de política (ainda hoje não sei, pronto...). A política não fazia parte do meu dia a dia, nem das conversas lá de casa, era ignorante e feliz, como Salazar desejava.

[Lembro-me que uma vez, numa aula de História, perguntei ao professor (que era padre e além de História, também dava aulas de Geografia, de Ciências, de Desenho, de Moral...) por que razão havia guerra em África. Achava eu que era um disparate. Ele respondeu qualquer coisa como "eles não nos querem lá a mandar e por isso fazem guerra".
Ainda fiquei mais convencida da correcção da minha ideia e disse que devia mesmo ser assim, já que a terra era deles! Então ele perguntou-me se eu gostava de açúcar! "Gosto muito"
"Se os portugueses viessem embora de África, como o açúcar vem de lá, ficavas sem açúcar".
E foi assim que eu, com 11 ou 12 anos, me tornei colonialista!]

Posto isto, devo dizer que agora seria incapaz de viver sem democracia.
Não imagino uma vida em que não o pudesse fazer livremente, votar, refilar, reivindicar...
Não imagino uma vida em que os assuntos importantes para todos fossem resolvidos por um, sem os outros se poderem pronunciar.

Ultimamente atitudes deste governo fazem-me sentir apreensiva porque sinto medo. Sinto-o eu e sinto-o nos outros.

Uma pessoa que confunde autoridade com autoritarismo - como a ministra da educação - não devia ter lugar no governo de um país democrático.

Apesar de tudo ontem, no meu Agrupamento decidiu-se pela exigência da suspensão desta avaliação e deste Estatuto aberrantes, apesar dos "castigos" prometidos.
O medo saiu vencido.

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