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Fábulas

Fábulas

Só falta cair-nos o tecto em cima!

(Ah, parece que já nem isso falta)

Eu não entendo como é possível haver obras tão mal feitas que caem em cima da cabeça das pessoas ao fim de um ano de construção!
Não entendo como não há, nas autarquias, ninguém que fiscalize as obras públicas para não deixar que aconteçam estas coisas!
Será que os fiscais andam todos ocupados com as casas particulares?

Na minha terra há um "centro cultural" que tem uma dúzia de anos, mas que começou a dar problemas desde o início.
É um local feio - foi pintado de cor-de-rosa mas rapidamente passou a preto de humidade -, com uma envolvência mais feia ainda, porque nada está arranjado.
Esse "centro cultural" até para as aulas de educação física deixou de servir porque o ar era irrespirável por causa da humidade!
É lá que funcionam as mesas de voto quando há eleições, mas se estiver a chover têm de andar a mudar os tarecos de sítio para não lhes chover em cima!!

Eu só gostava de saber quem pagou esta obra sem verificar se estava em condições, para perguntar a essa pessoa se teria agido do mesmo modo se fosse a sua casa paga com o seu dinheiro!

Porque eu acredito que no dia em que quem faz as obras mal feitas seja obrigado a refazê-las, pagando do seu bolso, isto deixará de acontecer.
Alguém duvida?

Será que ouvi bem?

Pareceu-me ter ouvido, no Telejornal, Cavaco Silva a dizer que sempre foi a favor do fim do sigilo bancário.

Estão a ver?
Se ele alguma vez tivesse tido a sorte de pertencer a um governo, ou - melhor ainda - se ele alguma vez tivesse tido oportunidade de ter sido primeiro-ministro, ou ainda melhor (cereja em cima do bolo!) - se ele alguma vez tivesse sido primeiro ministro de um governo com maioria absoluta, aí sim, teríamos tido este problema resolvido há séculos!

Que pena, tanta competência desperdiçada, num qualquer Banco de Portugal...

Matemática!

O nosso Presidente da República está preocupado com a Matemática:

«É imprescindível para o nosso país que aumente o número de pessoas com competências para Matemática», diz ele.
E eu concordo!

A Matemática é uma disciplina gira e divertida...
Há 3 anos frequentei uma formação de Matemática que durou todo o ano lectivo, mas da qual gostei tanto que me inscrevi na continuação (tem uma "parte 2").
Lá inscrever, inscrevi e já por duas vezes, só que essa continuação da formação nunca chegou a ser feita.
Entretanto, este ano, as formações à disposição dos professores eram em "avaliação de professores"...
Mas para que quero eu ter formação em "avaliação de professores"?
Eu quero formação em Matemática!

Depois de ouvir hoje o senhor presidente da República, pensei:
Será que ele pode meter uma cunha para voltar a haver formação em Matemática??

Seria bom, para não acontecerem casos anedóticos como este:



Má formação em Matemática?
Ou este juiz tirou o curso na Novas Oportunidades?

Eu resumo para quem não tiver pachorra de ler:
O ordenado de alguém foi penhorado em 1/6 do seu valor.
O homem alegou dificuldades várias e pediu isenção.
O tribunal, preocupado com a sobrevivência do senhor, resolveu "atendê-lo", em parte:
"Reduziu" a penhora de 1/6 para 1/5!!!!

Afinal esta avaliação dos professores é importante!...

... pelo menos para uma pessoa!


"é atribuido ao presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, Prof. Doutor José Alexandre da Silva Rocha Ventura Silva, um subsídio mensal de residência no montante de € 941,25, a suportar pelo orçamento da Secretaria Geral do ministério da Educação (...)"

Indignação já nem é a palavra certa, já a devo ter esgotado, soa-me a pouco!

Como pode uma pessoa receber de subsídio mais do que a grande maioria dos portugueses recebe de ordenado?
Ou antes: mais do que alguns casais recebem em conjunto para se sustentarem e às suas famílias?

O senhor em questão tem direito ao subsídio porque não vive em Lisboa.
E eu só pergunto: quantos professores são desterrados das suas terras sem ganharem mais nada por isso?
Anos e anos a fio com casa e filhos às costas?

Entretanto, vamos ficar este ano com mais cerca de 500 autarcas (que já eram demasiados!) e que vão custar mais uns milhões...
Parece-vos um país em crise?

A fome e a ministra

Hoje a ministra disse que as crianças não passam fome porque as escolas "resolvem todos os casos de carência alimentar que identificam".

Ora, ora, quem diria!
A ministra a dizer bem dos professores da escola?
Mas nem desta acertou: duvido muito que os professores que têm às vezes mais de uma centena de alunos reparem nesse pormenor (e não só por estarem desatentos, mas também porque os maiores terão vergonha de admitir que têm fome...)

Já no 1.º ciclo e especialmente nas escolas pequenas é mais fácil darmos por isso.
Será que a ministra descobriu que há muitos professores que, para além das aulas, ainda fornecem comida às crianças?

Ainda dois recadinhos:

Para a ministra:
Já tive assim um penteado igual ao seu! (Só que foi há mais de 20 anos!!)
(a má língua do mulherio, inevitável)

Para aquele senhor que veio falar em fome:
Queria lembrar-lhe um provérbio que toda a gente sabe, que diz mais ou menos o seguinte: "a quem precisa, não se deve dar um peixe, mas sim ensiná-lo a pescar"

Infelizmente vivemos num país em que se continua a dar apenas o peixe!

Mousse de Chocolate e Café

Ingredientes:

5 ovos;
200 gr. de chocolate para culinária (tablete);
100 gr. de manteiga;
1 chávena de café bem forte;
4 colheres de sopa de açúcar;
2 colheres de sopa de Vinho do Porto.

Preparação:

Ponha numa caçarola o chocolate partido, a manteiga, o café e o vinho do Porto.
Leve ao lume em banho-maria, mexendo de vez em quando até que o chocolate derreta.
Deixe arrefecer um pouco.
Bata muito bem as gemas com o açúcar até ficar um creme esbranquiçado.
Incorpore o chocolate à gemada e misture bem.
Bata as claras em castelo firme.
Envolva-as delicadamente ao preparado.
Distribua a mousse por tacinhas individuais e leve ao frigorífico algumas horas antes de servir (ou de um dia para o outro).
Sirva fresca decorada com grãos de café de chocolate.

Império à deriva...



... foi o livro que li nestes dias de alguma preguiça.
Gostei imenso deste livro (aliás, eu cheguei a uma idade em que não me posso dar ao luxo de desperdiçar tempo a ler o que não gosto, por isso, se li é porque é mesmo bom - pelo menos para mim, que os gostos não se discutem!)

Não vou contar a história (leiam!), só digo que o assunto são os 13 anos de vida da corte portuguesa no Brasil.
Quando Portugal estava a ser invadido pelos soldados de Napoleão, o rei D. João VI, a mulher, Carlota Joaquina, a filharada toda e mais uns milhares de fidalgos, fizeram a viagem turística por que hoje todos os portugueses anseiam (eu incluída!): foram para o Rio de Janeiro.
Só que, naquele tempo ainda não havia novelas, nem samba, nem Carnaval, nem Jô Soares, Tom Jobim ou Vinicius de Morais, por isso a vida lá era uma grande chatice!

Quer dizer, lá para o meio da estada D. João VI já queria lá ficar, estava a gostar daquilo. Lá não havia as chatices que massacravam a Europa.
Já a D. Carlota não era da mesma opinião, detestava o Brasil!
não devia haver fidalgos que chegassem para ela, digo eu...)

Sobre o autor, Patrick Wilcken:
é australiano, cresceu em Sidney, estudou antropologia e fez um mestrado no Institute of Latin American Studies, em Londres. Trabalhou para a Amnistia Internacional, no departamento da África Portuguesa, e foi editor de livros do The Daily Telegraph. Escreveu, recentemente, para o The Times Literary Supplement, para o The Guardian e para o Index on Censorship sobre assuntos relacionados com o Brasil.
Foi durante as longas temporadas que passou nesse país que encontrou a inspiração para escrever Império à Deriva.


Agora o incrível:

Este livro é da Editora Civilização, e não posso passar sem deixar um grande reparo: inacreditavelmente, o livro está cheio de erros ortográficos e de gralhas.
Não são 2 ou 3, nem meia dúzia, nem sequer uma dúzia!
São dezenas ou até centenas!
Se contar com as palavras que deviam estar escritas com letra minúscula e estão com letra maiúscula, serão centenas de erros!
Antigamente havia revisores para reverem os livros antes de saírem para as livrarias. Será que essa profissão acabou?
É que não se compreende que um livro apareça nas livrarias neste estado!
Se ainda houvesse palmatoadas (uma por cada erro!), estes senhores ficavam sem mãos!

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