A crise... por quem a vive mesmo!
Este texto surgiu-me um dia destes, em que estava para falar da crise, mas não é da minha autoria. Não faço link para o blog de onde o tirei a pedido da autora, mas não me atrevi a publicar o que tinha escrito sobre a crise, depois de ler isto.Só tenho a acrescentar que é vergonhoso haver um país onde uma pessoa que trabalha (e há muitos anos) tenha necessidade de escrever isto:
A sério, que crise?
Porque eu não vejo nenhuma crise nova. Tendo em conta que vivo há anos com a dita cuja (acho que desde que nasci...) não noto grande diferença agora... tendo em conta o sufoco enorme porque passámos nos últimos meses e que, pelo que vejo, está longe de terminar não percebo porque é que AGORA é que está toda a gente com medo.
Eu vivo com medo, entranhou-se em mim e dificilmente sairá, medo de não poder ter comida na mesa para dar ao meu filho, medo de não conseguir ter tecto para lhe dar, uma escola onde andar, é um medo permanente e precisamente por causa desse medo é que passo o dia inteiro a parvejar, cheiinha de sentido de humor, a mandar larachas umas atrás das outras, este medo consome-me por dentro e por isso finjo, finjo que não se passa nada mas ele é bem real.
À noite, depois de deitar o míudo fecho-me na casa de banho que é o único sítio da casa onde consigo estar sozinha e tremo, às vezes tremo tanto mas não choro.
Viver na incerteza é muito mau, sem sabermos com o que podemos contar, a ver aquelas reportagens sobre o Banco Alimentar e a começar a sentirmo-nos demasiado próximos daquela realidade. E olho para as minhas coisas que tanto me custaram a comprar e penso que talvez não sejam minhas para sempre, que se avariarem não vou poder ter de novo, que se falhar um preço baixo no supermercado o dinheiro já não vai chegar.
E estou tão cansada de viver assim, tão cansada de sufocar, de não saber que passo a vida a dizer a mim própria que vai tudo correr bem, interessa é termos saúde e gostarmos uns dos outros e sim, é verdade, isso é o que mais importa mas não torna as coisas mais fáceis.
Levanto-me todos os dias para ir trabalhar e o que me dá força é olhar para o meu filho e vê-lo crescer feliz.
Deus queira que nunca note nada, que nunca pressinta o nó que tenho na garganta.
Há dias assim em que só me apetece chorar.