A Elsa
Uma indignada professora de português do ensino secundário contava-me há tempos uma história que se passou numa aula dela e que a deixou de cabelos em pé:Depois de uma aula a falarem de Eça de Queirós, uma aluna interessada queria saber mais coisas.
E então perguntou onde havia de procurar a biografia "dela".
Depois dum daqueles diálogos de surdos, a professora chegou à conclusão de que "ela" era a Elsa... a Elsa de Queirós!
A rapariga tinha estado a aula toda convencida que "Eça" era uma ela que se chamava "Elsa"!
Eu não fiquei nada admirada nem surpreendida, muito menos indignada com a história: afinal a rapariga nunca na vida dela tinha ouvido falar de tal escritor, daí a confusão...
Isto acontece porque os livros de Língua Portuguesa são de uma pobreza franciscana no que toca à variedade de autores.
Desde que comecei a trabalhar, há 25 anos que os textos se repetem nos manuais num "copy/past" sem fim.
Os autores são sempre os mesmos e os excertos são sempre dos mesmos livros, chegando a ser exactamente iguais...
Uma vergonha!
Se um professor se acomodar e se limitar aos textos dos manuais, as crianças vão ficar completamente ignorantes no que respeita a autores, não sendo de admirar que cheguem ao 12º ano a pensar que o Eça é uma Elsa!!