Escolha impossível
Hoje, primeiro dia de escola depois das férias, era inevitável falar com as crianças acerca da tragédia na Ásia, mostrar-lhes no mapa onde ficam esses países, ouvir as opiniões deles...A Rita tem 7 anos.
A certa altura da conversa ela diz: "Tu viste aquela mulher que largou um filho para salvar o outro?
Eu acho que ela devia ter agarrado os dois filhos e assim ou morriam os três ou salvavam-se os três."
Assim, sem tirar nem pôr!
E eu fiquei palerma a olhar para ela, pois a imagem que mais me marcou de toda esta tragédia foi precisamente a do tal filho "não escolhido" a soluçar convulsivamente agarrado a um peluche.
E eu nunca tinha tido a coragem, em todos estes dias, de comentar com alguém, nem sequer cá em casa, que eu sempre pensei como a Rita: uma mãe não pode escolher um filho!