Greves? Cuidado!
Na semana passada houve, promovida pela FENPROF uma greve às aulas de substituição e aos prolongamentos do 1.º ciclo.
Das aulas de substituição não sei o suficiente para falar no assunto, mas dos prolongamentos sei:
Sei que se querem dar passos maiores que as pernas ou, dito doutra maneira, mais uma vez se quer pôr o carro à frente dos bois...
Isto porque em grande parte das escolas não há condições para dar aulas, quanto mais fazer prolongamentos!
Grande parte das escolas nem uma funcionária tem!!
Na minha escola não há prolongamento porque já funciona, por força da falta de instalações, das 8 às 18:15.
Mas os professores têm de "dar" duas horas de trabalho extra...
As minhas horas "dou-as" - até dou horas a mais - acompanhando os meus alunos ao inglês (que funciona de manhã, duas vezes por semana, numa sala da igreja).
Mas as colegas que trabalham da parte da manhã e não têm alunos no Inglês têm de "ir dar as horas" a outras escolas (uma das quais fica a uns módicos 8 Km para lá da escola onde trabalhamos!).
O que irrita no meio disto tudo é que, quando em Setembro fomos postas perante a obrigatoriedade de fazer este trabalho extra, já nos tínhamos organizado de maneira a fazer com que essas horas fossem de muita utilidade para alunos e pais...
Em Janeiro, fazem tábua rasa de tudo o que se estava a fazer, e há que "repartir" os professores pelas escolas onde não há pessoal que chegue para assegurar o prolongamento os 5 dias da semana.
Agora vem o papão do secretário de estado ameaçar que "o Ministério da Educação (ME) dispõe de um parecer jurídico que considera um abuso do direito à greve" e os advogados que consultou dizem que "esta greve deve considerar-se extensiva a toda a prestação laboral, com inerente suspensão das relações emergentes do contrato de trabalho, nomeadamente o direito à retribuição" ou seja, os professores que aderiram a esta greve correm o risco de, apesar de terem cumprido o seu horário na sua escola e de só terem faltado as duas horas de prolongamento ( das 15.30 às 17:30) ficar sem um dia de ordenado...
Mas podem ficar descansados que os sindicatos olham por nós...
A FENPROF diz que não se pode descontar assim um dia de ordenado aos professores, mas se tal acontecer (!!!!) os serviços jurídicos da Fenprof estarão à disposição dos professores para contestar essa decisão...
Eu não sou contra o prolongamento dos horários das escolas, mas tenho ainda muitas dúvidas sobre a sua utilidade.
Se são crianças de cidade, estar até às 17.30 na escola não resolve o problema dos pais - por isso os ATL continuam cheios, ninguém arredou o pé de lá...
Se são crianças de aldeia (a realidade que melhor conheço), a maior parte tem onde ficar depois das aulas.
Por outro lado também acho que estar na mesma escola das 9 da manhã até depois das 5 da tarde é uma overdose de escola.
Por mais variadas que sejam as actividades, não deixam de passar tempo demais na escola.
E, com tantas escolas a fechar no próximo ano lectivo e crianças a serem deslocadas das suas aldeias para outras aldeias ou para as vilas, também terão de fazer o prolongamento? A que horas chegarão essas crianças a casa? (atenção que estamos a falar de crianças desde os 5 anos!). E se os pais - que nesses casos são uma grande maioria pessoas que trabalham nas terras - não quiserem tanto tempo os filhos fora de casa?
Uma vez vi um filme em que os filhos eram tirados aos pais em pequeninos e devolvidos depois de grandes e "educados". Às vezes parece-me que estamos a viver uma situação parecida.
Acredito que haja pais que adoram esta ideia, que só têm pena que ainda não existam dormitórios na escola, mas a maior parte não quer e não gosta.
É que ainda há muitos pais e mães que, tão logo lhes seja possível gostam de ter os filhos junto deles!!
Das aulas de substituição não sei o suficiente para falar no assunto, mas dos prolongamentos sei:
Sei que se querem dar passos maiores que as pernas ou, dito doutra maneira, mais uma vez se quer pôr o carro à frente dos bois...
Isto porque em grande parte das escolas não há condições para dar aulas, quanto mais fazer prolongamentos!
Grande parte das escolas nem uma funcionária tem!!
Na minha escola não há prolongamento porque já funciona, por força da falta de instalações, das 8 às 18:15.
Mas os professores têm de "dar" duas horas de trabalho extra...
As minhas horas "dou-as" - até dou horas a mais - acompanhando os meus alunos ao inglês (que funciona de manhã, duas vezes por semana, numa sala da igreja).
Mas as colegas que trabalham da parte da manhã e não têm alunos no Inglês têm de "ir dar as horas" a outras escolas (uma das quais fica a uns módicos 8 Km para lá da escola onde trabalhamos!).
O que irrita no meio disto tudo é que, quando em Setembro fomos postas perante a obrigatoriedade de fazer este trabalho extra, já nos tínhamos organizado de maneira a fazer com que essas horas fossem de muita utilidade para alunos e pais...
Em Janeiro, fazem tábua rasa de tudo o que se estava a fazer, e há que "repartir" os professores pelas escolas onde não há pessoal que chegue para assegurar o prolongamento os 5 dias da semana.
Agora vem o papão do secretário de estado ameaçar que "o Ministério da Educação (ME) dispõe de um parecer jurídico que considera um abuso do direito à greve" e os advogados que consultou dizem que "esta greve deve considerar-se extensiva a toda a prestação laboral, com inerente suspensão das relações emergentes do contrato de trabalho, nomeadamente o direito à retribuição" ou seja, os professores que aderiram a esta greve correm o risco de, apesar de terem cumprido o seu horário na sua escola e de só terem faltado as duas horas de prolongamento ( das 15.30 às 17:30) ficar sem um dia de ordenado...
Mas podem ficar descansados que os sindicatos olham por nós...
A FENPROF diz que não se pode descontar assim um dia de ordenado aos professores, mas se tal acontecer (!!!!) os serviços jurídicos da Fenprof estarão à disposição dos professores para contestar essa decisão...
Eu não sou contra o prolongamento dos horários das escolas, mas tenho ainda muitas dúvidas sobre a sua utilidade.
Se são crianças de cidade, estar até às 17.30 na escola não resolve o problema dos pais - por isso os ATL continuam cheios, ninguém arredou o pé de lá...
Se são crianças de aldeia (a realidade que melhor conheço), a maior parte tem onde ficar depois das aulas.
Por outro lado também acho que estar na mesma escola das 9 da manhã até depois das 5 da tarde é uma overdose de escola.
Por mais variadas que sejam as actividades, não deixam de passar tempo demais na escola.
E, com tantas escolas a fechar no próximo ano lectivo e crianças a serem deslocadas das suas aldeias para outras aldeias ou para as vilas, também terão de fazer o prolongamento? A que horas chegarão essas crianças a casa? (atenção que estamos a falar de crianças desde os 5 anos!). E se os pais - que nesses casos são uma grande maioria pessoas que trabalham nas terras - não quiserem tanto tempo os filhos fora de casa?
Uma vez vi um filme em que os filhos eram tirados aos pais em pequeninos e devolvidos depois de grandes e "educados". Às vezes parece-me que estamos a viver uma situação parecida.
Acredito que haja pais que adoram esta ideia, que só têm pena que ainda não existam dormitórios na escola, mas a maior parte não quer e não gosta.
É que ainda há muitos pais e mães que, tão logo lhes seja possível gostam de ter os filhos junto deles!!