Histórias de interruptores
Um dia destes o meu filho contava dum colega que tem um avô que, quando uma lâmpada lá de casa se funde, põe a culpa no desgraçado que teve o azar de ligar o interruptor no momento fatídico..._____________________
Nesta altura as caixas de correio dos nossos computadores ficam atafulhadas de caricaturas dos candidatos, gaffes dos candidatos, foto-montagens com os candidatos, enfim...
Pela minha parte fiz o favor à humanidade de não reenviar nenhum!
Mas admira-me que ainda hoje, tantos anos passados, as duas maiores críticas feitas ao candidato Soares sejam precisamente duas situações em que ele não tem (teve) nenhum poder de interferir: a idade e a descolonização.
Recebi mensagens de verdadeiro ódio contra Soares, escritas por pessoas que viveram em África e sofreram e ficaram traumatizadas com a descolonização.
Quem cá estava nessa altura sabe o caos que por aqui ia...
Não se sabia muito bem quem mandava em quem, quem ditava leis hoje amanhã poderia já não o fazer...
Se cá não se conseguiam controlar as situações, como controlá-las lá tão longe?
Se vamos arranjar culpados para o desastre que foi a descolonização temos de recuar até à altura em que começou uma guerra que jamais devia ter começado.
Nessa altura, com calma as coisas deviam ter sido negociadas a bem de todos.
E as pessoas que viviam nesses países em guerra deviam pelo menos ter uma ideia de que aquela situação não se poderia prolongar indefinidamente e que, como todas as guerras, não iria ter um fim muito feliz!
Eu gostava de saber o que pensam hoje essas pessoas que vieram de África e que agora têm filhos com 19 ou 20 anos o que achavam se lhes pegassem nos filhos e os mandassem para uma guerra absurda, do outro lado do mar, para uma terra que nunca tinham visto, que não conheciam nem amavam nem queriam defender!
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Mário Soares foi apenas o homem do interruptor!
(e isto não é campanha eleitoral que eu nem vou votar nele... pelo menos não na primeira volta !!)