Professores-a-dias
Venho anunciar o nascimento de uma nova profissão: a dos professores-a-dias.Além das 25 horas lectivas semanais sem direito a nenhuma redução ao longo de toda a carreira, inventaram agora mais duas horas lectivas semanais para os professores do 1º ciclo.
Até aqui tudo (mais ou menos) bem: ficar mais tempo na escola e aproveitá-lo para ajudar alunos com mais dificuldades, ou fazer sem "remorsos" aquelas actividades que às vezes se deixam de fazer porque o português e a matemática nos "roubam" muito tempo, ninguém contestava...
Mas o ministério não se ficou por aqui: descobriram agora que os prolongamentos até às 17:30 não estavam a ser feitos na maioria das escolas!
Grande descoberta! Quando todos sabemos (parece que a ministra não sabia!!) que a maioria das escolas tem 2 ou 3 professores e a semana tem cinco dias, como podem fazer um prolongamento diário?
Vai daí apareceu um outro nome para os professores: a partir da altura em que largamos os nossos alunos deixamos de ser professores e passamos a "professores-a-dias" ou, para quem gosta de títulos mais pomposos, passamos a "recursos".
E que fazem os "recursos"?
Pois os "recursos" vão de escola em escola tapar os tais buracos que os professores de lá não conseguiram tapar!
No seu carro, a gastar da sua gasolina!
Giro não é?
Ao longo de 25 anos de serviço já me tinha chateado, arreliado, preocupado e outros "ado" com as diversas medidas (ou ideias de jerico) que cada ministro manda cá para fora para mostrar que tem ideias e é inovador.
Desta vez (e pela primeira vez) cheguei à indignação!
E não sou só eu, somos muitos, cada vez mais...
Os sindicatos fazem o seu papel, ou seja, nada.
Os professores que gostam do seu trabalho e que fazem muito mais do que lhes é exigido, estão a ficar cada vez mais desmotivados, tristes e revoltados!
Esta história não é das minhas preferidas: não vai acabar aqui e muito menos vai acabar bem!