A história começa em 1938, numa cidade alemã, perto de Munique chamada Molching. As personagens vivem, na sua maioria, na Rua Himmel (ironicamente, himmel significa céu...).
A personagem principal é uma menina, a Liesel, que é acolhida por um casal, a resmungona Rosa e o simpático Hans, o acordeonista.
Há ainda o vizinho e melhor amigo de Liesl, o Rudy.
Mais tarde aparecerá Max, o judeu que irá viver na cave da família.
Liesel adora livros e o primeiro que conseguiu foi uma mistura de roubado/achado.
A partir daí irá roubar mais alguns...
A narradora desta história é... a Morte (o que torna este livro bastante original e cheio de ironia, ou não fosse a senhora morte uma "pessoa" com um humor bem negro, como convém).
Penso que foi a primeira vez que li um livro sobre a segunda guerra mundial (e já li muitos) em que as personagens principais são alemãs.
E, apesar de serem alemãs, são queridas (e queridos).
O livro está cheio de recados e achegas da narradora.
Prometo falhar Pedro Chagas Freitas Editora: Marcador
Chamem-me básica ou algo parecido, mas quando pego num livro é para ler uma história. A maneira como é contada e o tema podem variar muito, mas tem de haver uma história. Gosto de mergulhar lá, de me enternecer, de rir ou chorar, de "viver" com aquelas personagens por uns dias. Este livro não tem nada disso: nem tema, nem personagens, nem história... Tem uma amálgama de frases feitas, mais ou menos originais (?) e muito, muito, muito repetitivas.
(E muitos palavrões, porque os palavrões estão na moda, nem que venham a propósito de nada!)
E é chato, chato, chato! Tão chato que não o consegui acabar. Na minha provecta idade, tenho de gerir o tempo e, por isso, não posso desperdiçá-lo a ler o que não gosto.
A única nota positiva sobre este autor é que prometeu e cumpriu! Prometeu falhar e, na minha opinião, falhou redondamente.
"A quem é que importa o Deus a que reza cada um? E o que acontece com aqueles, como eu, que não rezam?"
Acabei de o ler há bocado e só me ocorre uma palavra: brutal. Já há muito tempo que um livro não mexia tanto comigo. Ainda tenho as personagens todas na cabeça e sei que vai ser difícil livrar-me delas nos próximos dias. Mas vamos ao livro: o assunto principal é o (eterno?) conflito entre palestinianos e israelitas e a luta por uma terra a que possam chamar sua. A história começa na Rússia, com a família Zucker (judeus) que são obrigados a fugir da perseguição dos czares, que se refugiam em Paris e mais tarde na Palestina. A Palestina desse tempo (início do século XX) pertence ao Império Otomano, embora nessa altura haja uma convivência pacífica entre palestinianos árabes e palestinianos judeus. Quando a família Zucker chega a Jerusalém, vão ser vizinhos (e senhorios) da família Zaid, os árabes. Os judeus da família Zucker e outros que vão chegando também fugidos da Rússia criam a "Horta da Esperança". As duas famílias, Zucker e Ziad convivem pacificamente. Os filhos de uns e de outros vão nascendo e vão crescendo juntos como irmãos, mas...
O livro abrange quase todo o século XX, por isso retrata muitos conflitos: 1.ª Guerra Mundial, revolução russa, 2.ª Guerra Mundial, Holocausto (muito retratado neste livro - ou não fossem as personagens principais os judeus - e essas foram as páginas mais difíceis de ler), guerra na Palestina...
Para terminar, tenho uns reparos a fazer: no início do livro ajudava imenso uma árvore genealógica das famílias Zucker e Ziad, porque às tantas torna-se confuso tantos nomes e temos de voltar atrás para ver quem é quem. Um mapa da região também ajudava, assim como um glossário maior porque há muitas palavras pouco conhecidas. Mas é um livro muito, muito bom, e como se isso não bastasse, ainda acrescenta um final surpreendente. Imperdível!
Estrelas: *****
Título: Dispara, eu já estou morto Autor: Julia Navarro Editora: Bertrand
Autora:
Julia Navarro (Madrid, 1953) é jornalista e trabalhou ao longo da sua carreira na imprensa escrita, na rádio e na televisão. Autora das obras de actualidade política Nosotros, la transición; Entre Felipe y Aznar; La izquierda que viene e Señora presidenta, obteve um enorme sucesso com o seu primeiro romance, A Irmandade do Santo Sudário (Gótica, 2004), e alcançou os primeiros lugares de vendas um pouco por todo o mundo. Com o seu segundo romance, A Bíblia de Barro (Gótica, 2005), confirmou o seu êxito junto do público e da crítica. Estes dois títulos venderam até à data mais de dois milhões de exemplares em todo o mundo, e foram publicados em mais de vinte e cinco países, entre eles, Itália, Alemanha, Portugal, Rússia, Coreia, Japão, China, Reino Unido ou os Estados Unidos. Os seus romances mereceram os mais conceituados galardões: Premio Qué Leer para o melhor romance espanhol de 2004, VIII Premio dos Lectores de Crisol, Premio Ciudad de Cartagena 2004, Premio Pluma de Plata de la Feria del Libro de Bilbao 2005, Premio Protagonistas de Literatura e Premio Más Que Música de los Libros 2006. Os direitos de adaptação cinematográfica de A Irmandade do Santo Sudário já foram vendidos e, neste momento, a sua adaptação ao cinema encontra-se em fase de produção.
Amesterdão, século XVII. Nella Oortman, uma jovem pobre, casa com Johannes Brandt, um rico comerciante, e vai viver para sua casa. Mas não estarão sozinhos: a sua estranha cunhada também lá mora e não lhe vai facilitar a vida... Aliás, o marido também não corresponde às expetativas e Nella sente-se infeliz e uma estranha na sua nova casa.
Um dia, para a animar, o marido oferece-lhe uma miniatura que é uma réplica perfeita da casa e Nella vai tentar completá-la, encomendando peças a um miniaturista. Acontece que as miniaturas começam a aparecer-lhe em casa sem terem sido encomendadas e, para além disso, são uma espécie de presságio de acontecimentos futuros...
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Gostei deste romance principalmente porque gosto de histórias passadas em épocas diferentes daquela em que vivemos. (Estou sempre à espera que os autores ponham o/a heroína a comer um hambúrguer ou a apanharem o autocarro há 3 séculos atrás, mas ainda não aconteceu). Este romance vai-se tornando cada vez mais interessante à medida que a história avança e vamos entendendo as atitudes dos protagonistas. Único senão: fiquei sem perceber muito bem a motivação do miniaturista - é o que dá o nome ao livro e acaba por, na minha opinião, não ter grande importância na história.
Ficha: Título: O miniaturista Autora: Jessie Burton (este é o seu primeiro romance) Editora: Editorial Presença, 2015
é uma trilogia das irmãs Stephanie e Barbara Keating, naturais do Quénia embora atualmente a morarem, uma em França e outra na Irlanda,
A história começa no Quénia em 1957 e conta a história de três amigas: a africânder Hanna van der Beer, a irlandesa Sara Mackay e a britânica Camilla Broughton Smith, que se conhecem desde crianças por frequentarem o mesmo colégio interno. As férias e os fins de semana são sempre passados em Langani, a fazenda de Hanna, com os seus pais e irmão.
Embora com passagens por Londres, Dublin e Noruega, a história centra-se toda no Quénia. Começa antes da independência, depois acontece a independência do país e finalmente num país autónomo (mas cheio de problemas, como acontece com a maioria dos países africanos, com feridas que custam a sarar).
No 1.º volume as amigas fazem um pacto de sangue e, embora a vida as vá separar fisicamente (Camilla vai para Londres, Sarah para Dublin, Hanna fica na fazenda), continuam unidas e a encontrarem-se com alguma frequência.
No 2.º volume, Hanna luta contra tudo e contra todos para preservar a fazenda e o seu casamento, Camilla singra em Londres e no mundo como top model e Sarah volta para o Quénia para se dedicar ao estudo dos elefantes.
No 3.º volume Hanna e o marido são donos da Fazenda Langani e do Safari lodge, Sarah casa e, juntamente com o marido, continua a sua luta contra os caçadores furtivos e a corrupção que grassa no país. Camilla, apesar de ter tantos homens aos seus pés, continua apaixonada pelo guia de safaris Anthony Chapman...
Ao reler o que escrevi em cima, pareço dar a ideia de que estes livros são um simples romance, mas não são, são muito mais que isto. Tem muita história e muita informação interessante, são envolventes ao ponto de não querer parar de ler.
Ficamos a conhecer um pouco da história do Quénia e com vontade de lá ir.
Ficha: Título: Irmãs de sangue; Um fogo eterno; Luz efémera Autoras: Stephanie e Barbara Keating (edição ASA, 2007, 2009 e 2011)
(fotografado na praia, com vista para o mar, como convém ao título)
Mar de papoilas autor - Amitav Ghosh editora - Editorial Presença
Um bom livro de um autor que desconhecia completamente. A história desenrola-se em 1838, no norte da Índia. A personagem principal é o Ibis. E quem é Ibis? O Ibis é... um barco. Era um barco usado para transporte de escravos, mas agora é usado para transportar ópio e coolies e é propriedade da Companhia das Índias Orientais. Também há pessoas nesta história: as minhas preferidas são a Deeti, a Paullete e o Jodu. E todos eles se tornam jaházbhai, a bordo do Íbis.
Aborrecidos com duas palavrinhas estranhas? Pois preparem-se que este livro tem um glossário com, nada mais nada menos que 461 sinónimos (sim, contei-as) de palavras indianas. Este facto torna a leitura às vezes mais demorada, mas mesmo assim é um livro bom de se ler. E ficamos a saber que muitas (mesmo muitas, mas estas não contei) dessas palavras têm origem portuguesa!
Só não gostei do final: dá a impressão de que deu um shoke ao autor e de repente resolveu não escrever mais, deixando assim a viagem por terminar e um sabor a pouco.
coolies - emigrantes asiáticos (pouco diferentes dos escravos, tanto na forma que eram transportados e recrutados como nos trabalhos que iriam fetuar, muito longe do seu país natal)
"O menino de Cabul" e "Mil sóis resplandecentes", três excelentes livros, do mesmo autor e com o Afeganistão como cenário.
"O menino de Cabul" conta-nos a história de Amir e do seu amigo Hassan. Uma história de amizade interrompida por acontecimentos dramáticos.
"Mil sóis resplandecentes" narra a vida de duas mulheres (Mariam e Laila) que, embora venham de meios diferentes e tenham tido vidas completamente distintas, acabam por partilhar o mesmo marido. Começam por se odiar, mas acabam por se tornar cúmplices e as melhores amigas, até que... Este é, dos três, aquele em que a história dos últimos anos daquele país é contada com mais pormenores, desde a invasão soviética à subida ao poder dos talibãs.
"E as montanhas ecoaram" conta a história de dois irmãos, Abdullah e Pari, separados em crianças, porque o pai vendeu a menina (Pari) a uma família rica, para poder assim sustentar o resto da família. Dos três, este foi o que menos gostei embora, ainda assim, seja um livro muito bom.
O que é mesmo difícil de aceitar é que, num país que já foi "normal" e desenvolvido, uma raça de gente má chamada "talibãs" tenha conseguido destruir tudo à sua volta, principalmente no que diz respeito às mulheres e aos seus direitos. Toda a gente devia ler estes livros, ou pelo menos um deles.
Depois há o autor, Khaleid Hosseini. Nasceu no Afeganistão e viveu lá até aos 11 anos. Filho de um diplomata e de uma professora de literatura, saiu do país quando o pai foi convidado a ser embaixador em Paris, mas não voltaram porque entretanto a União Soviética invadiu o Afeganistão, começando naquele país uma era de guerras e revoluções que dura até hoje. Vive atualmente nos EUA, é médico e ainda trabalha na UNHRC (Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados). Para além disso, é lindo, como podem comprovar pela foto anexa.
Quem matou Nola Kellergan, no verão de 1975, é o mistério deste livro, que só se desvendará quase na última página. As personagens principais são, para além da própria Nola, o escritor e professor Harry Quebert, por quem ela está apaixonada, isto em 1975.
Na atualidade, temos, para além de Harry e de muitos dos habitantes de Aurora, Marcus Goldman. Marcus é um jovem escritor que teve enorme sucesso com o primeiro livro e que está às voltas com uma crise de falta de inspiração para a escrita do segundo...
Já li este livro há algum tempo, mas deixei-o para esta altura para poder dizer, sem margem para dúvidas, que foi o melhor livro que li este ano e, se calhar, desde há alguns anos. Um livro que nunca é monótono, cheio de suspense e de situações que parecem uma coisa e são outra completamente diferente! Consegue também ser hilariante, às vezes, principalmente nas conversas telefónicas entre Marcus e a sua preocupada mãe. Este é um livro absolutamente imperdível para quem gosta de ler.
A nota? Sem dúvida, 20.
Não posso deixar de transcrever as últimas frases do livro, que o definem muito bem. Trata-se de um diálogo entre os dois escritores (estes diálogos, à laia de conselhos de escritor para escritor, abrem cada capítulo)
"Um bom livro, Marcus, não se mede apenas pelas últimas palavras, mas pelo efeito coletivo de todas as que as precederam. Cerca de meio segundo depois de terminar o livro, depois de ler a última palavra, o leitor deve sentir-se dominado por um sentimento poderoso; por um instante, só deve pensar em tudo o que acaba de ler, olhar para a capa e sorrir com uma ponta de tristeza porque vai sentir a falta das personagens. Um bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter acabado de ler."
Estes dois, devem ler-se pela ordem de data. No 1.º volume acontece a fuga da família real (às invasões francesas) para o Brasil e todas as suas aventuras e desventuras.
No 2.º volume temos o famoso episódio do grito do Ipiranga, mas também as diversas guerras e revoluções que agitaram o Brasil nessa época.
Muito interessantes, mostram-nos que as nossas caraterísticas como povo (boas, mas principalmente as más) já vêm de longe.
Nestas férias li estes livros todos da Sveva. Nunca tinha lido nenhum, e fui lendo estes nos intervalos de leituras mais "pesadas". As vantagens dos grupos "troca-livros" no facebook é que, comprando apenas um livro, podemos ir fazendo sucessivas trocas e ler muitos mais!
Em todos os livros da Sveva se conta uma história, a partir da história da personagem principal, que é sempre uma mulher. Depois, o tempo anda para trás e conta-se também a história dos outros intervenientes. Pela positiva, destaco "A viela da duquesa" que foi o que achei mais interessante: os outros é sempre mais do mesmo, tanto que até tive dificuldade em descobrir o que tinha lido ou não. Pela negativa, destaco "Baunilha e chocolate" - que por acaso até é o mais famoso. Machista até dizer chega, foi o último dela que eu li. Se tivesse sido o primeiro, esta lista não seria tão extensa.
Mas, são livros que sabem bem, numa tarde de praia, campo ou sofá, quando não se tem mais nada para fazer.