Mais um desafio, desta vez da Emiele... Trata-se de contarmos onde estávamos e a fazer o quê no dia 24 de Abril de 1974. Quando ela me desafiou, fiz-lhe ver que nessa data ainda não tinha nascido, mas nem assim ela se comoveu!!
O dia 24 de Abril era, nessa altura da minha vida, um dia especial: a C. fazia (e ainda faz!!) anos. Nesse dia de 1974 fazia 15 aninhos. As festas de anos dessa altura não eram como as de hoje, nas discotecas e pizzarias. Eram em casa, mas com uma particularidade ainda mais interessante: incluíam jantar e dormida! E ainda outra: na festa dela a única convidada era eu, na minha era ela! (a minha irmã, mais nova 5 anos que nós, fazia parte do "pacote" mas não contava!
Nesse dia, devo ter feito o habitual: escola (andava no 5.º ano do liceu, actual 9.º) e depois da escola e do lanche, devo ter rumado a casa da C. Devemos ter feito as brincdeiras do costume, depois jantámos, vimos televisão e fomos dormir. Dormir é força de expressão: a mãe dela montava o sofá na sala - ficava uma cama enorme - e nós ficávamos na galhofa até às tantas. De vez em quando o pai ou a mãe dela mandavam um berro lá do quarto "toca a dormir que são horas" ou "párem de falar e durmam", mas nós continuávamos!
Nessa noite, de 24 para 25, (lembro-me perfeitamente porque a data ficou célebre), de madrugada ouvimos uma grande bulha de gatos, levantámo-nos da cama, saímos pela janela e fomos ver o que se passava no quintal... De manhã, quando chegámos à escola disseram-nos que não havia aulas porque tinha havido uma revolução.
"Uma revolução? Mas que raio é uma revolução?" - lembro-me de ter pensado vagamente, mas a perspectiva de um dia livre inteirinho para brincar e ainda por cima com montes de pessoal da escola, deixou-me super-feliz!!
(Já depois de ter escrito este post, pus-me à procura do meu diário e encontrei o dia 24 de Abril de 1974... Aqui está!! não se riam da minha escrita: tinha 14 anos!!)
Quem é que eu hei-de desafiar?? As vítimas são (depois de muito pensar!):
Tinha pensado ir passar dois dias na zona de Melgaço e Castro Laboreiro e não fui porque constipada não me apetecia lá muito sair de casa... E vou descobrir hoje, quando cheguei a casa e liguei a televisão, que os actores da série "Conta-me como foi" estão por lá a filmar! E a cena que estavam a filmar hoje - um piquenique - era ao pé da "minha" ponte, numa zona lindíssima de Castro Laboreiro.
A minha noite de núpcias em Castro Laboreiro foi inesquecível! (não só pelos motivos que estão a pensar que aí foram todas!), mas porque chegámos lá ao finzinho de uma tarde gelada de Fevereiro. Pelo caminho começou a cair uma "chuva estranha" e só algum tempo depois é que descobrimos que era neve e não chuva! (nunca nenhum de nós tinha visto cair neve). Quando lá chegámos o que pensávamos ser uma pousada era afinal uma pequena pensão, onde nós éramos os únicos hóspedes! E ainda bem que havia lugar para nós, pois nessa altura já não se podia voltar para trás (para Melgaço) e para a frente também não havia mais caminho (a estrada terminava lá!) Jantámos como se estivéssemos em casa, numa cozinha acolhedora, com uma enorme lareira e um cão deitado aos nossos pés! E com a senhora da casa com uma enorme travessa e sempre a perguntar se queríamos mais.
No dia seguinte, não pudemos sair logo de lá, só mais tarde quando chegou um senhor que veio de Melgaço e disse que a estrada já estava transitável. Estava tudo lindo, coberto com uma enorme camada de neve!
(esta foto tirei-a da net, que as minhas ainda são em papel!)
Na pausa para lanchar, que a tarde já vai longa, dei uma espreitadela à padaria da Didas. Ela conta que quando era miúda, deitava-se e ficava de papo ao ar a ver as moscas a colarem-se àquelas coisas peganhentas que se usavam para as caçar...
Ao fazer lá o comentário, não pude deixar de pensar em como ela era boazinha para as moscas!
Quando era pequenina, eu fazia "hospitais", cujas camas eram caixinhas de fósforos vazias, encostadas umas às outras. O problema nem era bem o hospital! O problema era a técnica que eu usava para elas não fugirem da "cama", que era arrancar-lhes as asas e, a uma ou outra mais afoita, também saíam as patas!
Claro que ao fim de umas quantas "injecções" elas ficavam mais quietas...
E quando me juntava com os meus primos, na casa da minha avó (casa sempre de portas abertas e onde havia fartura de moscas) e fazíamos "gelado de mosca"??
Só espero que não ande por aqui nenhuma criança a ler estas barbaridades! E dizer que me regenerei e que agora não faço mal... a uma mosca!!